Um dia, apareceram-me as palavras. Pequenas e saltitantes, gigantes e enfadonhas. Com facilidade e graciosidade parecia ser capaz de as amontoar. Disseram-me que era era capaz de criar belos e grandiosos montes. Montes sóbrios, rigorosos e claros com as palavras suaves e com as rudes, que tanto me começavam a fascinar. A elas me agarrei. A dor da perda do constante ritmo e leveza dos pés começou a ser substituída pelo entender e pelo brincar com as palavras que subitamente me pareciam novas e com tanto por me contas nas entrelinhas fascinantes que poucos conseguem alcançar.
O sonho não desaparece. Mas a realidade agora me conforta, a realidade de poder dançar por entre as palavras que trazem o ritmo balanceante ao movimento que é a vida.
(para ti, M, para que entendas a importância de uma conversa sobre o que te é importante, de uma leitura cuidada e de um comentário que normalmente guardas para ti)